sexta-feira, 1 de julho de 2011


Espaço onde se divulgam as entrevistas feitas aos membros da Comunidade
 
Nos últimos dois anos assistimos à primeira tomada de posse da Dra. Violantina Hilário como Directora do Agrupamento Vertical de Escolas de S. Brás de Alportel e como Presidente da Comissão Administrativa Provisória do Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas. Passada esta exigente fase intermédia, voltamos a entrevistá-la, no momento em que dá continuidade às suas funções directivas, novamente no papel de Directora, agora do mega Agrupamento de Escolas do concelho de S. Brás de Alportel.

PassosQuais são os grandes desafios que, actualmente, alunos, famílias, comunidade educativa e Ministério da Educação impõem ao seu trabalho de Directora?

Directora - Exercer as funções de gestão é sempre uma tarefa muito exigente, mas ser Directora de um Agrupamento com características tão diversificadas como o de S. Brás de Alportel obriga à mobilização de capacidades de eficiência e de criatividade que me permitam, ao longo do mandato de 4 anos, renovar processos e rentabilizar recursos numa realidade escolar, social e económica dinâmica, em mudança e incerteza.
Vivemos num contexto desfavorável, em que os constrangimentos financeiros terão significativo impacto na vida da Escola, tal como as alterações aos normativos legais que regulam a acção educativa e causam dificuldades na organização e na resposta às exigências do serviço educativo. O maior desafio continuará a ser conciliar estas condições com os interesses e expectativas das famílias, as diversas características, capacidades e motivações dos nossos alunos, a resposta aos anseios da população local em termos de formação e potencialidades de emprego, através da oferta formativa e, acima de tudo, o meu desejo de que todos os responsáveis do acto educativo assegurem boas aprendizagens aos nossos estudantes, num ambiente seguro e afectuoso.
Ainda sob este lema "conciliar é preciso" é imprescindível que eu consiga mobilizar os parceiros de outras áreas que possam contribuir para o cumprimento da missão da Escola, bem como os responsáveis autárquicos da área da educação cujas competências e apoios são imprescindíveis para o desenvolvimento educativo concelhio.
Estou consciente do enorme desafio mas também auto-confiante, determinada e aberta a um caminho de aperfeiçoamento do meu desempenho.

Passos – Não querendo usar a palavra "metas", em que medida é que as escolas do concelho serão escolas melhores ao longo dos próximos quatro anos?

Directora: Apesar de se poder afirmar que o Agrupamento dispõe de boas instalações e de bons recursos materiais nas várias escolas e que, no plano pedagógico, já se atingiu um bom nível de eficácia, a minha atitude será, ao longo dos próximos 4 anos, procurar a melhoria global, centrando-me em alguns pontos que exigem aperfeiçoamento.
Trabalharei (com os outros) para que os resultados das aprendizagens, essencialmente no 3.º Ciclo, possam ter uma evolução positiva.
Serão promovidos, em todas as circunstâncias, princípios como a equidade, justiça e respeito pela diferen-ça, de forma a garantir a igualdade de oportunidade para todos, considerando a diversidade de nível sócio- -económico, de capacidade de aprendizagem, de limitações de saúde e desenvolvimento, de origem, de raça, de convicção religiosa da população escolar dos vários níveis de ensino.
Estarei continuamente atenta (com os Directores de Turma) à realidade financeira das famílias de modo a apoiar alunos com carências económicas que se tornam cada vez mais evidentes.
Espero veementemente que o trabalho que vamos desenvolver, permita ultrapassar situações de falta de interesse e de assiduidade dos alunos, bem como garantir um ambiente educativo propício à aprendizagem, numa postura articulada com pais e encarregados de educação, os maiores responsáveis e os mais interessados no desenvolvimento das crianças e jovens.
Acredito na sustentabilidade deste Agrupamento e aspiro a que, nos próximos anos, os alunos são-brasenses possam adquirir, nas nossas escolas, ferramentas para a sua realização pessoal e para melhor poderem intervir no desenvolvimento deste concelho.

Passos – Sabemos que a imperiosa sobreposição do valor dos números ao valor de tudo o que no ensino não é quantificável influencia cada vez mais o trabalho nas escolas. De que forma vai motivar os professores para todas as exigências que continuarão a sobrepor-se à verdadeira missão de ensinar? 

Directora - Em primeiro lugar devo dizer que não acredito que as múltiplas exigências que se colocam à Escola se sobreponham à "verdadeira missão de ensinar". As situações de aprendizagem serão sempre o ponto fulcral da actividade docente, sejam em sala de aula sejam noutros ambientes menos formais como visitas de estudo e projectos de intervenção. A formação e o desenvolvimento do aluno estão acima de qualquer outra responsabilidade. Aos professores e à gestão são atribuídos outros desempenhos, como a elaboração de documentos orientadores, prestação de contas, relatórios de avaliação, dados estatísticos… nos quais se aplicam esforço, conhecimento e… muito tempo.
Para motivar todos os professores, conto com a minha reconhecida capacidade de relacionamento inter- pessoal e de persuasão para estabe-lecer consensos, influenciar com persistência e negociação para che-gar a opções positivas, fazendo acreditar que podemos ser bem sucedidos porque todos somos capazes de fazer melhor. Estou convencida de que serei capaz de criar (manter) um clima organizacional baseado na cooperação, na partilha e em interacções harmoniosas, de forma a mobilizar para os objectivos do nosso Projecto Educativo.
Mas os números permitem-nos constatar factos, as estatísticas têm utilidade se da sua interpretação resultarem planos de melhoria, alteração de métodos ou comportamentos. É preciso saber ler os números, reflectir e, assim, tirar benefício do esforço dispendido.
Embora a burocracia tenha roubado tempo às relações humanas e à disponibilidade para gestos solidários no universo inter-relacional que é a Escola, acredito que continuaremos firmes no propósito de formar cidadãos informados, culturalmente ricos e interventivos do ponto de vista ambiental e cívico.

Passos – Apelando a um percurso pelos trilhos da memória, como continuaria a frase "Não é para nos gabarmos…"?
Directora - … mas temos boas práticas, reconhecidas em várias áreas, nomeadamente no encami-nhamento de alunos para ofertas alternativas de formação como os Cursos de Educação e Formação e os Cursos Profissionais e na organi-zação e acompanhamento dos jovens integrados nestas turmas;
… mas a integração de alunos oriundos de países estrangeiros foi sempre uma preocupação, e os projectos interculturais que desenvolvemos, para além da leccionação de aulas de Português Língua Não Materna, já mereceram elogios quer da hierarquia da educação quer de instituições cujo objectivo de trabalho é o apoio a imigrantes;
… mas a dinâmica do Desporto Escolar tem sido assegurada ao longo dos anos, com diversas modalidades do interesse dos alunos, com participações regionais e nacionais premiadas e com uma dedicação à causa do desenvolvimento físi-co, desportivo e social dos jovens, que foi objecto de reconhecimento nacional pelo ME no âmbito do sector "Desporto Escolar" na categoria "Escola";
… mas a dedicação dos professores deste Agrupamento à aprendizagem dos alunos é notável, patente na procura de métodos e estratégias aliciantes e no investimento em medidas de compensa-ção educativa para recuperação e ajuda, nos vários níveis de ensino e nas várias disciplinas: apoio individual, aulas suple-mentares, tardes de estudo, grupos de nível, oficinas com pequenos grupos, assessorias ao professor titular da turma e sessões de educação especial.
Entrevista de Carla Mateus

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