quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Cortiça utilizada para o Surf: inovação são-brasense


A marca de pranchas Ferox cria uma prancha de surf com um tesouro da Natureza algarvia: a cortiça. O projeto, que anda nas bocas do mundo e cujo shaper criador promete levar às ondas gigantes da Nazaré, foi feito para a alta competição

O projeto, iniciado sem o auxílio da indústria corticeira, contou com a colaboração dos alunos do 3.º ano do Curso Profissional de Técnico de Apoio à Gestão Desportiva, da Escola Secundária José Belchior Viegas, São Brás de Alportel, tendo sido coordenados pelo Professor Rui Beijoca, que afirmou “Foi um trabalho muito completo e muito recompensador. Empenhámo-nos muito.”.

O processo é “muito laborioso”, diz o shaper (artesão especializado em acessórios de desportos náuticos e radicais) algarvio, Octávio Lourenço. O interior da prancha é feito com rolhas de cortiça reutilizadas, colocadas uma a uma, e poliuretano, para preencher os espaços e dar uniformidade ao bloco, que é depois cortado à medida, lixado e sujeito a uma laminação tradicional com fibra e resina. Tratando-se de um material ecológico, as vantagens da cortiça no fabrico de pranchas de surf são a impermeabilidade e a flexibilidade.

Fabrico de uma prancha
Os clientes podem escolher todos os pormenores das suas pranchas, desde o peso, a dimensão, as características relacionadas com a performance à decoração, e até assiná-las. O processo dura habitualmente três dias, mas quando se está a dar apoio a um atleta, pode durar apenas um. Os preços variam entre os trezentos e os mil euros. As pranchas são especializadas para altos rendimentos. “Fiquei surpreendido, a prancha funciona e bem, até com manobras no lip.” – confessou Octávio, após o primeiro test-drive.


Prémio Green Project Wards

As pranchas foram apresentadas pela primeira vez ao público durante a Feira da Serra de São Brás de Alportel, edição de 2014, e Octávio Lourenço contou que as pessoas mostraram interesse em tocar e ver a textura, de modo a perceberem como tinham sido colocadas as peças ou se eram só tampa de rolha de cortiça.

Contudo, esta solução empreendedora, que visa aproximar e fortalecer a ligação entre a serra e o mar, não ficou pelo meio local – as encomendas estão a surgir e os prémios também. Os alunos do Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas venceram, com o projeto de estágio “O Surf na Serra do Caldeirão”, o prémio Green Project Awards, na categoria Iniciativa Jovem, em janeiro de 2015.

Duarte Amaro, 
Gonçalo Barbudo, 
Rodrigo Custódio 
8.º C 
2014/2015